segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sê a mudança — Faz a diferença — Partilha a paixão

Depois do 11 de Setembro de 2001, pensamos que precisávamos duma nova forma de olhar para os problemas. Até agora, o que temos feito para resolver esses problemas, é uma metáfora para a violência. Usamos expressões como “guerra ao terrorismo, guerra às drogas,guerra à pobreza, guerra à sida, tudo é uma guerra”. Temos activistas da paz que, estranhamente, são activistas muito zangados, e é por isso que esse activismo pela paz realmente não funciona. Porque eles vão perturbar outras pessoas, essas pessoas ficam zangadas com eles, e eles ficam zangados e, ao fim, temos activistas pela paz juntar-se à turbulência de ódios no mundo.
Se a consciência é um campo, e isso as pessoas estão a tomar consciência, que a consciência é um campo que a nossa mente faz parte duma mente superior, então fica claro que cada mente que está em paz, acrescenta paz ao mundo. Então, se vocês estão em paz, vocês são também a paz do mundo. Isso é uma ideia tão simples, que se tiverem a massa crítica de pessoas que estão numa mudança pessoal, que fiquem em paz, o mundo ficará mais em paz.
Há muitos modelos teóricos para explicar isso. Na evolução biológica, há um novo pensamento que está a tomar forma. A evolução normalmente faz-se gradualmente mas, de vez em quando, há um enorme salto de criatividade. Esses períodos de criatividade são por vezes chamados de “elos perdidos” ou períodos de “desequilíbrio pontual”, montes de teorias interessantes sobre como essa criatividade acontece na evolução.
Por isso, na transição dos anfíbios para as aves, observa-se um salto quântico, temos os anfíbios e depois temos as aves, num salto de criatividade da mãe natureza. Similarmente, na transição dos primatas para os humanos, existe um salto de criatividade, 99% do nosso DNA é similar aos chimpanzés, mas nós somos muito diferentes dos chimpanzés, é um salto na consciência da natureza, um salto de criatividade na consciência da natureza.
Se falar com algum biólogo de evolução, eles estão sugerindo que o período que estamos a viver agora é provavelmente a oportunidade para o próximo salto na evolução da humanidade. O sufi Drumi disse “quando eu morrer eu verei os anjos, mas quando morrer para os anjos o que me tornarei não consigo imaginar”. Porque a imaginação é realmente um dos atributos da mente cósmica, da mente da Natureza. E de tempos a tempos, em períodos de caos e “desiquilibrium” e confusão, cria o necessário clima de incerteza que permite que ocorra o salto.
Um dos exemplos comuns de criatividade na natureza é o diário exemplo da metamorfose, quando uma lagarta se transforma em borboleta. É muito interessante o que acontece. Num certo estágio do seu desenvolvimento, a lagarta consome mais do que precisa, consome mais do que as suas necessidades metabólicas, o que devia ser uma metáfora também para todos nós. E quando o consumo excede o metabolismo,… o corpo da lagarta começa a morrer.
Mas dentro do corpo da lagarta, aqui e ali, existe células às quais os cientistas se referem, acreditem ou não, como células imaginais, porque elas estão imaginando algo, elas estão a imaginar uma transformação. E quando as células do sistema imunitário da lagarta vêm essas células dizem para si mesmas, essas células não pertencem aqui, não agem como nós. De facto se olharem para o metabolismo dessas células é lento, como se estivessem a meditar, e imaginando ao mesmo tempo. Por isso as celas imunitárias atacam as células imaginais e elas não respondem, como se elas tivessem a escolha da sabedoria. E depressa acontece isto: as células imunitárias desistem, e as células imaginais começam a grupar-se em aglomerados (clusters). Um aglomerado aqui, outro ali, outro num outro lugar, e os aglomerados de células imaginais começam-se a comunicar uns com os outros. E também, enquanto se comunicam entre elas e crescem em número, começam a usar o corpo moribundo da lagarta, como a sua sopa nutritiva, que fica o meio nutritivo no qual as células imaginais crescem e florescem e se comunicam. E um dia, a conectividade dos clusters das células imaginais chega a um ponto a que os cientistas chamam de … massa crítica. E nesse dia, a magia acontece: há um gene com o código de informação, residente algures no corpo da lagarta, e sem significado até esse dia, e nesse dia acorda e tem todo o código de informação da criação da borboleta. E logo a borboleta emerge e literalmente consumiu toda os bocadinhos nutritivos da lagarta moribunda, que desaparece e a borboleta emerge. Sai com asas e voa.
E a razão porque estou a partilhar esta metáfora convosco – primeiro de tudo, este é um grande exemplo de criatividade na Natureza, porque a borboleta não tem semelhança com a lagarta, a borboleta não é apenas um verme com asas, é uma nova criatura. Tem asas claro, mas tem também um novo corpo, um novo sistema muscular, um novo coração, novos olhos, novas antenas, novo metabolismo, porque tem de voar, tem de ter um metabolismo rápido em relação ao das lagartas, que é mais lento. Por isso muitas coisas acontecem em sincronia, o que tem de ser coordenado, o que precisa de criatividade, não o tipo de criatividade que se encontra no computador, não há saltos de criatividade em sincronismo nos programas, que são baseados em algoritmos, isto é totalmente próprio da criatividade natural.
E então temos uma nova criatura. Os biólogos que primeiro me explicaram isso disseram-me: é como se levássemos a bicicleta a reparar e quando o fôssemos buscar tivéssemos um caça a jacto. E o dono da loja nos dissesse: “Isso foi o que sobrou”. É um salto quântico de criatividade.

Há muitas razões porque estou a partilhar esta metáfora convosco, primeiro porque é um facto biológico. A segunda coisa é que há uma coisa interessante sobre esse código genético que permite as asas à borboleta é que o mesmo gene comanda o batimento do coração humano. Isso é um facto muito interessante, que o mesmo gene que contém o código sobre as asas da borboleta seja o mesmo que permite que o vosso coração bata. Não é estranho que a Natureza descubra algo há 300 milhões de anos e depois se diga: “vou guardar isto e um dia vou pô-lo no coração humano, porque é lá que as asas estão, onde está o amor, a compaixão, onde está o desjo de transformação”.
Por isso neste momento, nos vossos corações, está a mesma informação que a Natureza usa para fazer lagartas e insectos voarem. Talvez nós estejamos prontos para esse salto na evolução, para voar.
E a última razão para partilhar esta metáfora convosco é que mesmo aqui, nesta sala, temos um aglomerado de células imaginais. Nós estamos a dizer que não estamos felizes com o mundo que nos espera, com todas as guerras que estão a ser travadas, com a destruição da Natureza que está a acontecer, com a extrema disparidade económica no mundo (50% do mundo vive com menos de 2 dólares/dia, e 20% destes com menos de 1 dólar/dia), com a extrema e abjecta pobreza, e ao mesmo tempo com tanta injustiça no mundo. E nenhuma das velhas soluções realmente resultaram. E que talvez a Natureza nos esteja a pedir para vermos o que ela faz quando se transforma. A Natureza imagina, a Natureza permite que as células imaginais se agrupem, a Natureza conecta-as e finalmente transforma, faz o salto quântico. E muita gente pensa que a consciência trabalha da mesma forma. Estamos aqui num aglomerado de células imaginais nesta sala, há aglomerados de células imaginais por todo o mundo, iguais à desta sala, e talvez esteja na hora de nos conectarmos uns com os outros e atingir aquela massa crítica que ofereça soluções criativas para os problemas do mundo.

Por isso nós mudamos de discurso, para um de criatividade, de amor, de compaixão,… de conectividade. Por isso chegamos a 3 slogans para a Aliança para uma nova Humanidade.
O primeiro é “Sê a mudança que queres ver no mundo”, por isso se queres ter paz no mundo, tens de ter paz em ti mesmo. Número dois: “Faz uma diferença significativa, fazendo algo”, agindo, porque amor sem ação não tem real significado, e ação sem amor é irrelevante, precisamos das duas. Por isso “Sê a mudança” e “Faz a diferença” e a terceira “Partilha a tua paixão com os outros” para que possamos criar a massa crítica.
 
(retirado do filme "Be the Change" - Sê a mudança - Deepak Chopra - 1ª e 2ª partes de 3)

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