terça-feira, 15 de novembro de 2011

NÃO TE SALVES


Não fiques imóvel
à beira do caminho.
Não congeles o júbilo
não ames sem vontade.
Não te salves agora
nem nunca.

Não te salves.
Não te enchas de calma.
Não te afastes do mundo
sózinho um canto tranquilo.
Não deixe cair as pálpebras
pesadas como juízos.
Não fiques sem lábios
não durmas sem sonhos.
Não penses sem sangue,
não te julgues sem tempo.

Mas se, apesar de tudo
não poderes evitá-lo
e congelas o júbilo
e amas sem vontade
e te salvas agora
e te enches de calma
e te afastas do mundo
sózinho num canto tranqüilo
e deixas cair as tuas pálpebras
pesadas como juízos
e secas os teus lábios
e dormes sem sonhos
e pensas sem sangue
e te julgas sem tempo
e ficas imóvel
à beira do caminho
…e te salvas…

Então…
…não fiques comigo.

in “Poesia Habana”. 1983.
Mario Benedetti Poeta uruguaio radicado na Espanha.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O moderno mito da caverna (de Platão)

O mito da caverna é uma das famosas parábolas escritas por Platão. A idéia consiste em pessoas que vivem numa caverna e acreditam que o mundo real é aquilo que aparece na parede: sombras formadas pela luz que entra pela única fresta existente. As pessoas lutam contra qualquer um que diga o contrário.
É por isso que os orientais dizem que o nosso mundo é MAYA, o mundo das ilusões e de sombras.... Vivemos numa caverna, mas, muito em breve, veremos a Luz!
Abaixo uma história em quadradinhos brasileira que capta perfeitamente a essência do que Platão queria dizer.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Acalma-te e celebra a vida.

Acalma-te
Acalma-te. Deixa que tudo seja simplesmente como é.
Acalma-te. Sente o pulsar do teu coração.
Acalma-te. Permite que entre em ti a benção da vida,e que a Paz Interior reine em ti.
Acalma-te. Deixa que a Paz te invada.
Acalma-te. Entrega-te à simplicidade do momento. Sente a energia do teu corpo. Sente a vibração da vida sempre presente.
Acalma-te. Deixa fluir a vida.
Acalma-te. Rende-te à Paz. Deixa que tudo seja. Obedece e aceita.
Acalma-te. Tudo está em paz.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O dilema do prisioneiro

No início da década de 1980, Robert Axelrod, sociólogo americano, fez uma descoberta notável acerca da natureza da cooperação. A verdadeira importância do resultado de Axelrod ainda não foi devidamente valorizada fora de um grupo restrito de especialistas. Encerra a potencialidade de alterar não apenas as nossas vidas pessoais, como também o mundo da política internacional.
Para compreendermos o que Axelrod descobriu, precisamos primeiro de saber algo sobre o problema que o interessou um bem conhecido quebra-cabeças sobre cooperação chamado Dilema do Prisioneiro. O nome vem da forma como o quebra-cabeças é geralmente apresentado: uma escolha imaginária que se apresenta a um prisioneiro. Há muitas versões. Eis a minha:



O leitor e outro prisioneiro jazem em celas separadas da Esquadra Principal da Polícia da Ruritânia. Os agentes tentam fazer-vos confessar ter conspirado contra o estado. Um interrogador vem até à sua cela, serve um copo de vinho da Ruritânia, dá-lhe um cigarro e, num tom de amizade sedutora, propõe-lhe um acordo. 
— Confesse o crime! — exorta ele. — E se o seu amigo na outra cela… 

O leitor protesta, alegando nunca ter visto antes o prisioneiro que se encontra na outra cela, mas o interrogador ignora a objecção e prossegue: 
— Ainda melhor, então, se ele não é seu amigo; pois, como eu estava a dizer, se o senhor confessar, e ele não, usaremos a sua confissão para o engaiolar a ele dez anos. A sua recompensa será a liberdade. Por outro lado, se for estúpido ao ponto de se recusar a confessar, e o seu "amigo" na outra cela confessar, será o senhor a ir para a prisão dez anos, e ele será libertado. 

O leitor pensa nisto durante algum tempo e percebe que não tem informação suficiente para decidir, por isso pergunta: 
— E se confessarmos ambos? 

— Então, e uma vez que não precisamos realmente da sua confissão, não sairá em liberdade. Mas, tendo em conta que estavam a tentar ajudar-nos, passarão os dois oito anos na cadeia. 

— E se nenhum de nós confessar? 

Uma expressão de desdém perpassa o rosto do interrogador e o leitor receia que ele esteja prestes a golpeá-lo. Mas o homem controla-se e rosna que, então, uma vez que não terão provas para a condenação, não poderão manter-vos lá dentro muito tempo. Mas acrescenta: 
— Não desistimos facilmente. Ainda podemos manter-nos aqui seis meses, a interrogar-vos, antes de os sacanas da Amnistia Internacional conseguirem pressionar o governo para vos tirar daqui. Portanto, pense no assunto: quer o seu colega confesse, quer não, o senhor ficará melhor se confessar do que se não o fizer. E o meu colega vai dizer a mesma coisa ao outro tipo, agora mesmo. 

O leitor reflecte no que ele disse e compreende que o guarda tem razão. Faça o que fizer o estranho na outra cela, o leitor ficará melhor se confessar. Se ele confessar, a sua escolha é entre confessar também, e apanhar oito anos de prisão, ou não confessar, e passar dez anos atrás das grades. Por outro lado, se o outro prisioneiro não confessar, a sua escolha é entre confessar, e sair livre, ou não confessar, e passar seis meses na cela. Portanto, parece que o melhor a fazer é confessar. Mas, então, ocorre-lhe outro pensamento. O outro prisioneiro está exactamente na mesma situação. Se, para si, é racional confessar, também será racional para ele confessar. Assim, passarão ambos oito anos na cadeia. Por outro lado, se ninguém confessar, ambos ficarão livres dentro de seis meses. Como pode ser que a escolha que parece racional, para cada um dos dois, individualmente — ou seja, confessar — vos prejudique mais a ambos do que se decidirem não confessar? O que deve fazer? 

Não há solução para o Dilema do Prisioneiro. De um ponto de vista puramente do interesse próprio (aquele que não toma em consideração os interesses do outro prisioneiro), é racional, para cada prisioneiro, confessar — e se cada um fizer o que é racional do ponto de vista do interesse próprio, ficarão ambos pior do que ficariam se tivessem escolhido de outro modo. O dilema prova que quando cada um de nós, individualmente, escolhe aquilo que é do seu interesse próprio, pode ficar pior do que ficaria se tivesse sido feita uma escolha que fosse do interesse colectivo. 

Peter Singer- “Como Havemos de Viver? A Ética Numa Época de Individualismo “ 

Comentário:
O fato é que pode haver dois vencedores no jogo, sendo esta última solução a melhor para ambos, quando analisada em conjunto. Entretanto, os jogadores confrontam-se com alguns problemas: Confiam no cúmplice e permanecem negando o crime, mesmo correndo o risco de serem colocados numa situação ainda pior, ou confessam e esperam ser libertados, apesar de que, se ele fizer o mesmo, ambos ficarão numa situação pior do que se permanecessem calados? 
Um experimento baseado no simples dilema encontrou que cerca de 40% de participantes cooperaram (i.e., ficaram em silêncio). 
Em abstracto, não importa os valores das penas, mas o cálculo das vantagens de uma decisão cujas conseqüências estão atreladas às decisões de outros agentes, onde a confiança e traição fazem parte da estratégia em jogo. 
Casos como este são recorrentes na economia, na biologia e na estratégia. O estudo das táticas mais vantajosas num cenário onde esse dilema se repita é um dos temas da teoria dos jogos.  João Monge Ferreira 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Um bom dia, cheio de gratidão

Este é um hino à gratidão, à felicidade.
Para que tenhas UM BOM DIA, traduzo abaixo as lindas palavras deste belo filme.
Obrigado meus Deus porque nos destes estes belos pensamentos para iluminar o nosso dia!

"Tu pensas que este é apenas mais um dia na tua vida?
Não é apenas um outro dia. É o dia único que te é dado, hoje. É te dado, é um presente, é o único presente que tens neste momento, e a única resposta adequada é a gratidão.
Se não fizeres mais do que cultivar esse resposta para o grande presente que este dia único é, se aprenderes a responder como se ele fosse o primeiro dia da tua vida e o último também, então terás gasto este dia muito bem.
Começa por abrir os teus olhos, e surpreende-te com o facto de teres olhos que podes abrir. Essa incrível paleta de cores que contínuamente nos é oferecida, por puro prazer.
Olha para o céu, nós raramente olhamos para o céu, nós raramente notamos como ele está constantemente diferente, com as nuvens indo e vindo.
Até mesmo quando pensamos no tempo, não pensamos nas diferentes nuances do tempo, sómente pensamos no bom tempo, no mau tempo. Este dia, este momento tem um clima único, talvez dum tipo que não virá exactamente nessa forma outra vez. A formação das nuvens no céu nunca será a mesma de agora.
Abre os teus olhos, olha para isso.
Olha para a cara das pessoas que encontrares. Cada uma tem uma história incrível por trás da sua cara, uma história que nunca penetrarás completamente, não só a sua história pessoais mas também a dos seus antepassados.
Todos carregamos essa história.
E neste preciso momento, neste dia, todas as pessoas que encontrarmos, todas essa vida de gerações e de tantos lugares por todo o mundo, flui em conjunto e encontra-se contigo aqui e agora, como um água que dá a vida, se sómente abrires o coração e a beberes.
Abre o coração para os incríveis presentes que a civilização nos dá. Nós accionamos um interruptor, e ilumina-se uma lâmpada. Nós giramos uma torneira e ela jorra água quente ou fria, e água potável. Um presente que milhões e milhões de pessoas no mundo nunca experimentarão. E esses são sómente alguns do enorme número de presentes para os quais podes abrir o teu coração.
Por isso eu desejo que abras o teu coração para todas essas bençãos e as deixes fluir por ti, para que todos os que encontares neste dia sejam abençoados por ti, pelos teus olhos, pelo teu sorriso, pelo teu toque, pela tua presença.
Deixa que a gratidão transborde em bençãos em volta de ti.
E então será realmente um bom dia. "

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SONHO IMPOSSIVEL

Eu tenho uma espécie de dever,
de dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
uma espectadora de mim mesma,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário,
para viver o meu sonho
entre luzes brandas
e músicas invisíveis.
(Fernando Pessoa)


Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
Notas The Impossible Dream, composição de Joe Darion e Mitch Leigh, do musical da broadway de 1965 baseado em Dom Quixote, 1965, versão em português de Chico Buarque cantada por Maria Bethânia; para ver a letra da canção em Inglês por favor acesse: http://cariricult.blogspot.com/2007/10/sonhar-um-sonho-im...
O trecho do livro Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, em que teve por base a canção acima:
Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Eu Quero Ser Feliz!!!


- Ei... Psiu!!!
Eu quero muito ser feliz!!!

A partir de agora,
NÃO VOU MAIS:

Censurar os erros do passado...
Passarei minha vida a limpo e
farei deles meu aprendizado.
Paciência... Continuarei errando,
porque só erra quem faz;

Criticar ou tentar modificar alguém...
Mudarei, apenas, minhas atitudes.
Vou mudar para melhor, sabe por quê?
Ganho eu e quem me ama também;

Abrir mão de meus sonhos...
Lutarei sempre para que eles aconteçam.
Mesmo que eu leve uns bons tombos, vencerei meu medo e continuarei correndo atrás do melhor para mim;

Colocar minha felicidade
nas mãos de alguém...
Vou ser feliz de qualquer jeito.
De preferência, amando quem me ama,
tem preocupações comigo e torce para me ver feliz;

Passar a vida esperando
pelo que desejo que aconteça...
Vou aproveitar hoje mesmo,
enquanto o amanhã não chega.
Aprenderei a curtir cada momento com o que existe de bom, aqui e agora;

Ficar com pena de mim
pelos meus problemas e tropeços...
Agradecerei a Deus minha força
e por ter sobrevivido a eles.
Lembrarei sempre que dificuldade, em vez de castigo, é o maior estímulo à minha criatividade;

Ser pessimista e pensar no pior...
Ocuparei meu tempo com algo útil, que me divirta ou que possa ajudar alguém.
Vou esperar pelo melhor, valorizar cada amigo e cada coisa boa que aparecer em minha vida;

Despejar problemas nos ombros de amigos...
Aproveitarei a presença deles para me alegrar. (Quando muito, vou pedir um colinho...rsss.)
Saberei respeitar e preservar meus amigos, e, com tanto carinho e benquerença, nunca me sentirei só, né?;

Querer ser modelo de perfeição
ou copiar o dos outros...
Vou me aceitar como sou, e dar
o melhor de mim em tudo que fizer.
Acima de tudo: amar, amar, amar...
e ser MUITO AMADA.

A partir de hoje,
vou viver plenamente,
sem medo, e
MUITO FELIZ.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Porque o amor magoa?

O amor é doloroso porque ele cria o caminho para a felicidade. O amor é doloroso porque ele transforma, o amor é mutação. Cada transformação vai ser dolorosa, porque o velho tem que ser deixada para o novo. O velho é familiar, seguro, confiável, o novo é absolutamente desconhecido. Você estará se movendo em um oceano desconhecido. Você não pode usar a sua mente com o "novo" com o velho, a mente é hábil. A mente só pode funcionar com o antigo "com o novo, a mente é absolutamente inútil.

Daí, o medo surge, e deixando o antigo, o mundo, confortável e seguro, o mundo da conveniência, a dor surge. É a mesma dor que a criança se sente quando sai do útero da mãe. É a mesma dor que o pássaro se sente quando sai do ovo. É a mesma dor que o pássaro vai sentir quando ele vai tentar pela primeira vez estar na asa.

O medo do desconhecido, e para a segurança do conhecido, a insegurança do desconhecido, a imprevisibilidade do desconhecido, faz-nos muito assustados.

E porque a transformação vai ser a partir do eu para um estado de não-eu, a agonia é muito profunda. 
Mas você não pode ter o êxtase sem passar pela agonia. Se o ouro quer ser purificado, tem que passar pelo fogo.

O amor é fogo.

E por causa da dor de amor, milhões de pessoas vivem uma vida sem amor. 
Eles também sofrem, e seu sofrimento é inútil. Sofrer de amor é não sofrer em vão.Sofrer de amor é criativo porque o leva para níveis superiores da consciência. A sofrer sem amor, é totalmente um desperdício que não leva a lugar nenhum, ele mantém você em movimento no mesmo   círculo vicioso.

O homem que está sem amor é narcisista, ele é fechado. 
Ele só conhece a si mesmo. E o quanto ele pode conhecer a si mesmo se ele não conhece o outro, porque somente o outra pode funcionar como um espelho? Você nunca vai conhecer a si mesmo sem conhecer o outro. O amor é fundamental para o   auto-conhecimento também. A pessoa que não conhece os outros em profundo amor, de paixão intensa, em êxtase absoluto, não será capaz de saber quem ele é, porque ele não vai ter o espelho para ver seu próprio reflexo.

Relacionamento é um espelho, e quanto mais puro é o amor, maior o amor, melhor é o espelho, mais limpo o espelho. 
Mas um grande amor precisa que você deve estar aberto. Quanto maior o amor, mais precisa de você estar vulnerável. Você tem que deixar cair a sua armadura   o que é doloroso. Você não pode estar constantemente em guarda. Você tem que deixar a mente calculista.Você tem que arriscar. Você tem de viver perigosamente. O outro pode te machucar, que é o medo de ser vulnerável. O outro pode rejeitá-lo, esse é o medo de estar apaixonado.

O reflexo que você vai encontrar no outro do seu próprio eu pode ser feio, por isso vem a ansiedade. Evite o espelho. Mas, ao evitar o espelho que você não está a ficar mais belo. Ao evitar a situação você não vai crescer tanto. O desafio tem que ser aceite.

Temos que ir para o amor. 
Esse é o primeiro passo em direcção a Deus, e não pode ser ignorado. Aqueles que tentam ignorar o passo do amor nunca vão chegar a Deus. Isso é absolutamente necessário, porque você se torna consciente de sua totalidade somente quando você é provocado pela presença do outro, quando sua presença é reforçada pela presença do outro, quando são levados para fora de seus narcísico, fechado mundo para o céu aberto .

O amor é um céu aberto. A
mar é voar. Mas, certamente, o céu ilimitado cria o medo.
E deixar cair o ego é muito doloroso, porque nós fomos ensinados a cultivar o ego. 
Nós achamos que o ego é o nosso único tesouro. Temos vindo a protegê-lo, temos vindo a decorá-lo, nós temos continuamente dado polimento, e quando o amor bate à porta, tudo que é necessário para se apaixonar é pôr de lado o ego, certamente é doloroso. É um trabalho para a vida inteira, é tudo o que você criou - o ego feio, essa idéia de que "Eu sou separado da existência".

Essa idéia é feia porque é falsa. 
Essa idéia é ilusória, mas a nossa sociedade é baseada nessa idéia que cada pessoa é uma pessoa, não uma presença.

A verdade é que não existe uma pessoa em tudo no mundo só há presença. 
Você não é - não como um ego, separado do todo. Você é parte do todo. O Todo a penetrá-lo, o Todo respira  em você, pulsa em você, o Todo é a sua vida.

O amor lhe dá a primeira experiência de estar em sintonia com algo que não é o seu ego. O amor lhe dá a primeira lição que você pode cair em harmonia com alguém que nunca fez parte do seu ego. Se você puder estar em harmonia com uma mulher, se você puder estar   em harmonia com um amigo, com um homem, se você puder estar em harmonia com o seu filho ou com sua mãe, porque você não pode estar em harmonia com todos os seres humanos ? E se estar em harmonia com uma única pessoa dá tanta alegria, qual será o resultado se você estiver em harmonia com todos os seres humanos? E se você puder estar em harmonia com todos os seres humanos, porque você não pode estar em harmonia com os animais e pássaros e as árvores? Então, um passo leva a outro.

O amor é uma escada. 
Ela começa com uma pessoa, ela acaba com a totalidade. O amor é o princípio, Deus é o fim. Ter medo de amar, de ter medo das dores do crescimento do amor, é manter-se fechado em uma cela escura.

O homem moderno vive em uma cela escura porque é narcisista. 
Narcisismo é a maior obsessão da mente moderna.

E depois há os problemas, problemas que não fazem sentido. 
Há problemas que são criativos, porque eles levam a uma maior conscientização. Há problemas que não levam a lugar nenhum, eles simplesmente mantê-lo amarrado, eles simplesmente vão mantê-lo em sua velha bagunça.

O amor cria problemas. 
Você pode evitar esses problemas, evitando o amor. Mas esses são problemas muito essenciais! Eles têm que ser enfrentados, esse encontro têm que ser vivido e atravessado e ultrapassado. E para ir além, o jeito é passar por. O amor é a única coisa real que vale a pena.Tudo o mais é secundário. Se ajudar o amor, é bom. Tudo o mais é apenas um meio, o amor é o fim. Então apesar da dor, vá para o amor.

Se você não entrar em amor, como muitas pessoas decidiram, então você está preso em você mesmo.Então, sua vida não é uma peregrinação, então sua vida não é um rio indo para a vida do seu oceano, é um lago de águas paradas, sujas, e logo não haverá nada, só sujeira e lama. 
Para manter-se limpo, a pessoa precisa continuar fluindo. Um rio continua limpo porque ela continua fluindo. Fluxo é o processo de permanecer continuamente virgem.

Um amante permanece virgem. Todos os amantes são virgens. As pessoas que não amam, não podem permanecer virgem, eles se tornam dormentes, estagnados e começam fedendo mais cedo ou mais tarde - e mais cedo que mais tarde - porque eles não têm para onde ir. A vida deles está morta.

É aí que o homem moderno se encontra, e, por isso, todos os tipos de neuroses, todos os tipos de loucuras, tornaram-no desenfreado. A 
doença psicológica tomou proporções epidêmicas. Não é mais alguns indivíduos que estão psicologicamente doentes, na realidade é a terra inteira que se tornou um hospício. Toda a humanidade está sofrendo de uma espécie de neurose.

E essa neurose é proveniente de sua estagnação narcisista. 
Todo mundo está preso à própria ilusão de ter um eu separado, então as pessoas enlouquecem. E essa loucura não tem sentido, é improdutiva, sem criatividade. Ou as pessoas começam a cometer suicídio. Os suicídios são igualmente improdutivos, sem criatividade.

Você pode não cometer suicídio tomando veneno ou pulando de um penhasco ou atirando-se, mas pode cometer esse suicídio muito lento, é isso que acontece. Muito poucas pessoas cometem suicídio de repente. Outros decidiram por um lento suicídio aos poucos, lentamente, lentamente, eles morrem. Mas quase, a tendência para ser um suicida se tornou universal.

Isto não é maneira de viver, e a razão, a razão fundamental é que nós esquecemos a linguagem do amor. Nós não somos mais corajosos o suficiente para entrar nessa aventura chamada amor.

Por isso as pessoas estão interessadas em sexo, porque o sexo não é arriscado. 
É momentâneo, você não se envolve. O amor é envolvimento, é compromisso. Não é momentâneo. Uma vez que deita raízes, pode ser para sempre. Pode ser uma participação ao longo da vida. O amor precisa de intimidade, e só quando você está íntimo é que o outro se torna um espelho. Quando você encontra-se sexualmente com uma mulher ou um homem, você não se encontra com o todo na verdade, você evitou a alma de outra pessoa. Você acabou de usar o corpo e fugiu, e outro usado o seu corpo e fugiu. Você nunca se tornou íntimo o suficiente para revelar um ao outro os vossos rostos originais.

É doloroso, mas não o evite. Se você evitar, você  evitou a maior oportunidade de crescer. Mergulhe nele, sofra de amor, porque através do sofrimento vem grande êxtase. Sim, há uma agonia, mas fora da agonia, o êxtase nasce. Sim, você terá que morrer como um ego, mas se você pode morrer como um ego, você vai nascer como Deus, como um Buda. E o amor vai lhe dar a primeira lambidela do Tao, do sufismo, do zen. O amor vai lhe dar a primeira prova de que Deus é, que a vida não é sem sentido.

As pessoas que dizem que a vida não tem sentido são as pessoas que não conheceram o amor. 
Tudo o que eles estão dizendo é que a sua vida perdeu o amor.

Deixe que haja dor, deixe que haja sofrimento. 
Vá até a noite escura, e vai chegar a um belo nascer do sol. É apenas no seio da noite escura que o sol se desenvolve. É somente através da noite escura que chega a manhã.

Toda a minha abordagem aqui é a do amor. 
Eu ensino apenas o amor e somente amor e nada mais. Você pode se esquecer de Deus, que é apenas uma palavra vazia. Você pode esquecer as orações porque   eles são apenas rituais impostos por outros para você. O amor é a prece natural, não imposta por ninguém. Você nasce com ele. O amor é o verdadeiro Deus - não o Deus dos teólogos, mas o Deus de Buda, Jesus, Maomé, o Deus dos sufis. O amor é um tariqa (caminho), um método para matá-lo como um   indivíduo separado e para ajudá-lo a tornar-se o infinito. Desaparecer como uma gota de orvalho e se tornar o oceano, mas você terá que passar pela porta do amor.

E, certamente, quando se começa a desaparecer como uma gota de orvalho, e se viveu por muito tempo como uma gota de orvalho, dói, porque se tem estado a pensar, "eu sou isso, e agora isso está acontecendo. Eu estou morrendo. 
" Você não está morrendo, mas apenas uma ilusão está morrendo. Você se identificou com a ilusão, é   verdade, mas a ilusão é ainda uma ilusão. E somente quando a ilusão se foi, você será capaz de ver quem você   é. E esta revelação traz para você o pico máximo de alegria, felicidade, celebração.

OSHO (minha tradução do Inglês)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Um Dilema Moral


Muitos de nós temos tido experiências espirituais em que vislumbramos momentaneamente uma indescritível glória — um propósito maior e um maior potencial para a vida humana. Mas porque, aqueles de nós na vanguarda, vivemos numa cultura de narcisismo tão extrema e materialismo secular, não temos contexto para saber como honrar e respeitar a dimensão da vida que é infinitamente maior do que a esfera pessoal. Não estamos culturalmente preparados para responder às nossas próprias experiências espirituais mais profundas e, portanto, mesmo depois de vislumbrar a glória do nosso próprio potencial, raramente fazemos o esforço nobre para realmente nos transformarmos a nós mesmos para a razão mais nobre.
O problema é que, a maioria de nós, não estamos espiritualmente maduros o suficiente para ter alcançado o ponto onde queremos pagar o preço para realmente evoluir, aqui e agora. E porque nós não queremos, convencemos-nos consciente e inconscientemente de que, por razões várias, não podemos. Isto, em resumo, é a situação evolutiva do narcisismo pós-moderno: Não queremos fazer o esforço para mudar. E do ponto de vista cultural, é uma questãomoral, não apenas um problema psicológico pessoal. O ego investe muito em ter um problema conveniente, como um soldado ferido que não está completamente pronto para sair para o campo de batalha da vida. Muitos de nós estamos a jogar o mesmo jogo e, claro, há muitos profissionais — terapeutas e mestres espirituais e assim por diante — que irão conspirar connosco  para perpetuar essa visão. Mas não é realmente verdade. A menos que estejamos gravemente danificados mentalmente, o problema não é que nós somos incapazes de exercer o poder do livre escolha, a fim de nos transformarmos. O problema é que, muitas vezes, simplesmente não queremos. E enquanto nos permitimos permanecer nas margens, não seremos capazes de servir a evolução da nossa espécie, de uma forma forte e profunda. Estaremos sempre fascinados por um drama pessoal auto-criado, cheio de desculpas, sempre permanecendo os consumidores dos recursos naturais e experiências pessoais que nada têm significativa para contribuir.
Não estou de forma alguma negar a realidade de traumas emocionais, psicológicos e ferimentos físicos, e as sombras que todos nós carregamos em graus diferentes. Mas  estou a dizer que existe um contexto muito maior em que olhar para eles. Talvez o facto de que temos neuroses, que fomos emocionalmente, psicologicamente, ou até mesmo fisicamente feridos, é apenas parte integral do processo de desenvolvimento. Claro que ninguém gosta de sofrer, mas, infelizmente, um certo grau de sofrimento parece ser uma parte inerente da experiência de encarnação. Pensa acerca da evolução do cosmos: planetas colidiram violentamente para formar novos elementos, e por1 toda a sua beleza, a natureza é muitas vezes brutal na sua luta para sobreviver. Para muitos de nós, seres humanos altamente desenvolvidos, a vida é relativamente fácil, mas mesmo assim, há sempre eventos traumáticos que deixam impressões negativas poderosas na mente. Isso é apenas parte do processo. O problema é que, tão óbvio quanto isso possa parecer, a maioria de nós, no mundo pós-moderno não acredita. Temos de alguma forma a ideia estranha nas nossas cabeças que vivemos num universo onde nós — os mais privilegiados, ricos, seres conscientes deles próprios altamente qualificados deste lado da Via Láctea — não somos supostos sofrer. E num contexto desenvolvimento autêntico, isto simplesmente não poderia ser o caso.
Quando despertamos para esta verdade, o nosso coração aprofunda-se e alarga-se de uma forma profunda, e a nossa perspectiva começa a se expandir. Damos menos importância ao nosso próprio desconforto emocional e psicológico, porque o nosso objectivo na vida deixa de ser apenas o de evitar sofrimento. Esta é uma mudança enorme, porque torna possível para nós abraçarmos muito mais da experiência humana e começarmos a participar no processo de vida de uma forma verdadeiramente digna. Esta não é uma perspectiva sem compaixão. Na verdade, é acerca de se tornar num humano com um grande coração, um que nem sequer pensa na possibilidade de não ter dificuldades, desafios e problemas. Há muitas razões que sofremos: algumas são absolutamente insignificantes e algumas são nobres. Mas se nos preocupamos profundamente com um propósito mais elevado, o que importa é que estamos sempre dispostos a fazer um esforço para não usar o nosso próprio sofrimento como uma desculpa para não estarmos disponíveis para a vida.
Esta perspectiva de transformação não vai ajudar a livrar-nos das nossas neuroses, mas vai fazer com que seja possível assumirmos a responsabilidade por elas e permitir que abracemos a vida de uma forma muito maior, em toda a sua imperfeição, agora. E isto faz toda a diferença no mundo. O tempo que temos é limitado, e podemos gastar este tempo precioso a tentar livrar do nosso sofrimento neurótico, ou podemos  preocupar-nos com coisas que são infinitamente mais importantes do que o facto que  sofremos emocionalmente de vez em quando. Considerando que agora é necessário mais do que nunca participarmos conscientemente no processo evolutivo, a estranha noção de que nunca deveríamos sofrer pode ser vista não apenas como equivocada, mas até mesmo diabólica. 
Se Deus é a energia e inteligência que criou o universo, então deve ser o demónio que sussurra nos nossos ouvidos que não devemos sofrer, tornando-nos indisponíveis para Deus, porque estamos ocupados demais a lamber as nossas feridas. Só quando chegarmos ao ponto em que percebemos que já não temos o direito de aguardar ao lado enquanto outros estão a lutar no campo de batalha da vida, iremos encontrar os recursos dentro de nós mesmos para fazer qualquer esforço que seja necessário para participarmos de coração inteiro. Quando chegamos a esse ponto de maturidade, onde a nossa própria auto-preocupação patológica é vista como uma falha moral em relação à evolução do Cosmos, e não como um problema psicológico pessoal, iremos encontrar a força da alma para assumir a responsabilidade por tudo isso, agora mesmo. Nada realmente significativo irá acontecer no nosso mundo, até que você e eu, em todas as nossas imperfeições, estamos prontos incondicionalmente para sermos responsáveis por nós mesmos para que possamos participar no processo evolutivo, sem hesitação. Este é uma forma de viver digna do maior desenvolvimento, uma relação madura com o precioso dom de estar vivo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Você já é perfeito

' Esteja satisfeito com o que você tem, congratule-se  como as coisas são. Quando você perceber que nada falta, o mundo inteiro lhe pertence.' ~ Lao Tzu
Um monte de pessoas lêem o Zen Habits (e outros blogues ou livros de desenvolvimento pessoal) porque querem melhorar algo sobre si mesmos. Eles não estão satisfeitos com as suas vidas, eles estão insatisfeitos com seus corpos, eles querem ser pessoas melhores.
Eu sei, porque eu era uma dessas pessoas.
Esse desejo de me melhorar e à minha vida foi uma das coisas que levou ao Zen Habits. Eu passei por isso, e posso dizer que isso leva a muita luta e insatisfação com quem você é, e como é a sua vida.
Uma percepção poderosa que tem me ajudado é simplesmente esta: você já é bom o suficiente, você já tem mais do que suficiente e você já é perfeito.
Tente dizer isso para si mesmo, mesmo que soe como banal, só para ver se soa verdadeiro. Ele faz ressoar como algo já acredita (nesse caso, você pode provavelmente parar de ler agora), ou simplesmente não soa bem? Você sente que há coisas que você ainda precisa melhorar?
A coisa que eu aprendi, e não é alguma verdade nova mas uma antiga que me levou muito tempo para aprender, é que se você aprender a contentar-se com quem você é e onde você está na vida, isso muda tudo.
Considere o que muda:
  • Você já não se sente insatisfeito com você mesmo ou com a sua vida.
  • Você já não gasta tanto tempo e energia querendo mudar e tentando mudar.
  • Você já não se compara com outras pessoas e se frusta por não ser melhor.
  • Você pode ser feliz, o tempo todo, não importa o que aconteça no mundo à sua volta.
  • Em vez de tentar melhorar a si mesmo, você pode gastar seu tempo ajudando os outros.
  • Você para de gastar tanto dinheiro em coisas que supostamente irão melhorar a sua vida.
  • Você pode ficar um presunçoso sobre isso, como eu.
OK, o último ponto era uma piada, mas o resto é verdade, na minha experiência.
E aqui está uma outra coisa sobre a qual já escrevi: você já tem tudo que precisa para ser feliz, aqui e agora.
Você tem olhos que vêem? Então tem a capacidade de apreciar a beleza do céu, de vegetação, de rostos das pessoas, da água.
Você tem ouvidos que ouvem? Então tem a capacidade de apreciar a música, o som da chuva, o riso dos amigos.
Você tem a capacidade de sentir a fria brisa, a erva nos pés descalços … cheirar o cheiro fresco de corte da relva, flores, café … para provar uma ameixa, pimenta, chocolate.
Isto é um milagre, apesar de o termos como garantido. No entanto esforçamos-nos por mais, quando já temos tudo. Queremos roupas mais agradáveis, aparelhos mais sofisticados, músculos maiores, peitos maiores, estômagos mais lisos, maiores casas, carros com assentos de couro que falam com você e dão massagem no seu rabo. E ficamos insanos dessa jeito.
O saudável é perceber que nós não precisamos de nada disso. Nós não precisamos melhorar nossa qualidade de vida. Nós não precisamos melhorar a nós mesmos, porque nós já somos perfeitos.
Depois que você aceita isso, isso liberta-o.
Agora você está livre para fazer coisas, não porque você quer ser melhor, mas porque você gosta de as fazer. Porque você está apaixonado por elas, e lhe dão alegria. Porque é um milagre que você mesmo as possa fazer.
Você já está perfeito. Estar contente consigo mesmo significa que lutar pela perfeição se baseia numa ideia de alguém de que "perfeito é …" e isso é tudo uma besteira. Perfeito é quem você é, não o que alguém diz que você deveria ser.
Além disso, mesmo que isso possa soar banal, eu te amo, completamente e incondicionalmente, e se todos os demais em teu mundo te traírem e abandonarem, você sempre me terá a mim. :)
Agora, pare de ler este blog, e vá ser feliz.
Traduzido por mim do blog Zen Habits de Leo Babauta.